fotos luis alberto caldeira / colégio sólido |
Naysson superou seus colegas e venceu concurso da escola onde estuda, em Montes Claros |
Uma pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro mostra que apenas 7,5% da população brasileira compra livros não didáticos e destinam à leitura o equivalente a 0,05% da renda familiar. O estudo ainda revela que a média nacional de leitura no país é de 4,7 livros por ano. O índice - que é considerado muito baixo - foi superado com bastante folga por um mineiro, de apenas 10 anos, que leu 270 livros em apenas oito meses.
O responsável pela façanha foi o estudante Naysson Thiérry Fernandes Reis, durante o campeonato de leitura realizado pelo colégio Sólido Kids, de Montes Claros, no Norte de Minas, onde o garoto cursa a 4ª série.
Naysson venceu o concurso da escola e alcançou a meta graças ao incentivo de sua mãe, a dona de casa Cínthia Karine Moura Fernandes Guedes, de 31 anos. "Desde os 5 anos, quando meu filho aprendeu a ler, sempre investi na compra de livros infantis para despertar nele o gosto pela leitura", disse.
Após a vitória, além de ganhar uma bicicleta como prêmio, o garoto colhe hoje os frutos do hábito da leitura. O conhecimento adquirido nos livros lhe ajuda nas aulas de português, redação e a interpretar textos. "Ler para mim é diversão. A gente tem que ler com atenção para não achar o livro chato. Quando se lê um pouco todo dia, você se aventura", disse.
Cínthia contou que, antes do campeonato na escola começar, Naysson sempre teve o hábito de ler dois a três livros por semana. Além do material indicado pela instituição de ensino, a dona de casa procurou inserir na formação do filho obras de autores infantis como Ziraldo, Ana Maria Machado e Monteiro Lobato. "Muitas vezes peguei livros emprestados em bibliotecas ou com amigos para ele ler", relembrou a mãe.
De acordo com a coordenadora pedagógica do colégio Sólido Kids, Gilmara Werneck, cerca de 350 alunos da instituição, de 1ª a 4ª séries, participaram da competição. Cada estudante tinha o prazo de três dias para realizar a leitura de cada livro retirado na biblioteca da escola e elaborar um parágrafo contendo a ideia central da história.
"Os professores corrigiam os textos e contabilizavam o número de livros lidos pelos alunos", explicou. O material selecionado para o campeonato levava em consideração critérios como a série do aluno e a quantidade de páginas.
O levantamento do Instituto Pró-Livro foi feito a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF - 2002/2003).
Incentivo
"Leitor é aquele que sabe explicar o sentido do livro e consegue estabelecer uma relação entre o mundo dele e o do autor", disse o consultor educacional Guilherme José Barbosa. Na avaliação dele, o brasileiro não investe na compra de livros porque não está muito preocupado em adquirir cultura. "Hoje, não se vê promoção de livros como de celulares."
A leitura é essencial na formação cultural das pessoas e deve ser incentivada desde a infância. De acordo com o pedagogo e consultor educacional Guilherme José Barbosa, o papel da família é muito importante para desenvolver o estímulo da leitura nas crianças.
As pessoas têm uma visão equivocada de que é o professor quem deve estimular a leitura. O papel da escola é sistematizar o mundo da leitura para o aluno, ou seja, mostrar o gênero do texto, a interpretação do conteúdo. Mas o estímulo vem de fora, da família, disse. Segundo ele, o verdadeiro leitor é aquele que além de compreender o texto sabe se inserir na leitura e explicar o que diz o conteúdo. (HM)